Apicultura migratória sem controle desequilibra o meio ambiente no Nordeste do Maranhão.
Fotografia de Murilo Sérgio Drummond

Não bastassem os problemas de desmatamento, degradação ambiental e envenenamento dos ecossistemas, que dizimam a fauna de abelhas nativas no Maranhão, o estado está sob uma nova ameaça: as abelhas criadas sem controle e regulamentação. 

 

Uma compilação de dados coletados em estudos de 15 anos no nordeste do Maranhão, demonstra que a criação intensiva de qualquer espécie de abelha, mesmo da espécie nativa mais popularmente criada que é a tiúba, pode comprometer a diversidade de abelhas no ecossistema. O problema aumenta quando se implantam as criações em massa, com grande número de ninhos, da espécie exótica Apis mellifera, mais conhecida como abelha africanizada. 

 

Os estudos têm mostrado que em estado selvagem as abelhas, inclusive a espécie africanizada, não conseguem se sobrepor às demais espécies sob competição, de acordo com a Teoria Neutra da Biodiversidade. Contudo, com todo o aparato artificial de sustentação que se utiliza na criação intensiva de abelhas, a situação muda de figura.  

 

O impacto negativo imediato é a restrição no acesso ao pólen, alimento que fornece o suplemento proteico necessário ao desenvolvimento das colônias e que é coletado pelas abelhas nativas e exóticas nas flores da vegetação. Este impacto é crescente e mais perceptível a médio e longo prazo nas populações selvagens, que subnutridas não conseguem se reproduzir na velocidade necessária para se repor. 

 

O Programa Nacional Abelhas Nativas (PNAN), vinculado ao Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão, alerta sobre a prática da apicultura migratória em larga escala no Maranhão e que está ocorrendo na região de Santa Luzia do Paruá, mangues da baixada, região de Perizes e agora no cerrado  do nordeste do Maranhão.  É possível, pelos prognósticos, que cada localidade vem recebendo aproximadamente 5.000 colônias de abelhas africanizadas de diversas regiões do Maranhão e estados vizinhos, o que certamente desequilibrará a população de abelhas selvagens dessas localidades. 

 

Particularmente no nordeste do Maranhão, onde as populações de abelhas vêm sendo monitoradas cientificamente há 15 anos, em razão da expansão da eucaliptocultura e da sojicultora, a entrada da apicultura migratória pode constituir-se numa fórmula explosiva de degradação ambiental, que vai potencializar a perda da diversidade de espécies de abelhas nativas da região. 

 

Para contribuir com a solução do problema, o PNAN representou junto ao Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, IBAMA, SEMA e prefeituras solicitando a suspensão imediata dessa prática na região, até que um estudo de impacto ambiental seja feito e estabeleça a normatização e regularização da mesma. 

 

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